Desde a altura em que foram descobertos os primeiros dinossauros, em finais do século XVIII, que estes estranhos animais fascinam o homem, quer pela sua diversidade de formas, quer pelas gigantescas dimensões que alguns deles atingiram.
Estes fascinantes animais surgiram, no período Triássico, há 230 milhões de anos, e pode-se afirmar que foram a forma de vida superior dominante na terra durante mais de 150 milhões de anos, tendo-se extinguido no final do período Cretácico, há aproximadamente 65 milhões de anos, ao que tudo indica devido à colisão de um enorme meteorito com o planeta terra. No entanto, a aventura na terra destes fascinantes animais não acabou totalmente, pois os seus descendentes directos continuam por cá em grande número e variedade: as aves!
Portugal, a nível Europeu, é um dos países mais ricos em vestígios de dinossauros, especialmente do período Jurássico, tendo sido encontrados até agora mais de 20 géneros diferentes de dinossauros. Além de ossos fossilizados, possuímos também diversas e notáveis jazidas com pegadas de dinossauros, várias delas classificadas como monumentos naturais. A título de exemplo citaremos duas das mais conhecidas como sejam as pegadas de aurópodes presentes na Pedreira do Galinha, no Parque Natural de Serras d’Aire e Candeeiros, com cerca de 20 pistas diferentes, duas das quais entre as mais longas do mundo, e também a jazidas de Pedra da Mua e Lagosteiros, junto ao Cabo Espichel, com várias pistas de dinossauros Saurópodes, Terópodes e Ornitísquios.
De referir, a título de curiosidade, uma lenda associada às pegadas de dinossauro da Pedra da Mua – Lenda de Nossa Senhora da Pedra da Mua - segundo a qual em 1410, foi avistada a Virgem Maria a subir a arriba montada numa mula, tendo as pegadas da mula ficado impressas na rocha. No cimo do promontório foi construída uma Ermida, no interior da qual existe um painel de azulejos com a representação da lenda. Só no início do século XX as pegadas foram reconhecidas como pegadas de dinossauros, tendo a lenda caído em esquecimento, a partir daí.
Em Pourtgal foram encontrados vestígios de dinossauros no Algarve e na faixa litoral, entre Sesimbra e Aveiro. É de realçar, em termos de número de achados, especialmente de ossos fósseis, as formações do Jurássico da região Oeste, nomeadamente nos municípios de Torres Vedras e Lourinhã. Em seguida descrevemos alguns dinossauros encontrados em Portugal, incluindo géneros pertencentes aos principais grupos de dinossauros: Terópodes (dinossauros carnívoros bípedes), Saurópodes (os gigantescos herbívoros de pescoço e cauda compridos) e os Ornitísquios (restantes dinossauros herbívoros bípedes ou quadrúpedes).
Dinheirosaurus lourinhanensis Classificação: Saurópode Dimensões: calcula-se que poderia ter cerca de 25 metros de comprimento. Alimentação: herbívoro Distribuição: Portugal Período: Jurássico Superior – há aproximadamente 150 milhões de anos. Terá sido provavelmente o dinossauro mais comprido encontrado até agora em Portugal. Dinossauro de grandes dimensões que, à semelhança dos restantes saurópodes, possuía uma cauda e pescoço bastante compridos e uma cabeça relativamente pequena, tendo em conta as enormes dimensões do seu corpo. Pensa-se que viveria em grupo e passaria a maior parte do dia em busca e a consumir grandes quantidades de vegetação. Foi descoberto na década de 1980 na zona da Praia de Porto Dinheiro, concelho da Lourinhã – derivando desse facto o significado do seu nome. Pensa-se que deverá ser aparentado com os Diplodocus, saurópodes de grandes dimensões. Junto aos seus ossos fósseis foi encontrada mais de uma centena de gastrólitos – pedras que alguns dinossauros engoliam para facilitar a digestão dos alimentos (à semelhança do que fazem algumas aves actualmente). Os seus ossos fósseis podem ser vistos no Museu da Lourinhã.
Iguanodon sp. Classificação: Ornitísquio : Ornitópode Dimensões: cerca de 9 metros de comprimento e aproximadamente 4,5 toneladas de peso. Alimentação: herbívoro Distribuição: Portugal, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Espanha e EUA Período: Cretácico Inferior – há aproximadamente 130 milhões de anos. Era um dinossauro robusto que tanto podia adoptar a postura bípede como quadrúpede. Julga-se que terá sido um dos dinossauros mais abundantes na época em que existiu. Possuía um bico córneo, sem dentes, adequado para cortar a vegetação e, na parte posterior da boca, numerosos dentes que serviam para triturar os alimentos. Uma das características deste dinossauro era possuir, nos membros anteriores, mãos com 4 dedos e um espigão, localizado aproximadamente no lugar do dedo polegar, que se julga poder ter servido como arma defensiva e/ou como auxiliar na colheita de vegetação. Foi um dos primeiros dinossauros descobertos, em Inglaterra, no início do século XIX. Em Portugal foram descobertos alguns dentes e ossos fósseis, no Cretácico inferior, na zona do Cabo Espichel. Alguns dos ossos e dentes fósseis de Iguanodon encontrados em Portugal podem ser vistos no Museu Geológico, em Lisboa.
Hypsilophodon sp. Classificação: Ornitísquio : Ornitópode Dimensões: cerca de 2,3 metros de comprimento, 1,2 metros de altura e aproximadamente 70 Kg de peso. Alimentação: herbívoro Distribuição: Portugal, Inglaterra, Espanha e EUA Período: Jurássico Superior – há aproximadamente 150 milhões de anos e Cretácico Inferior – há aproximadamente 130 milhões de anos Era um pequeno dinossauro bípede que, de acordo com a sua delicada estrutura óssea, se julga seria ágil e veloz, características importantes para conseguir fugir dos predadores existentes na época. Possuía braços curtos com mãos com 5 dedos, pernas longas e uma cauda comprida e rígida que se julga ter podido servir como um estabilizador em viragens e manobras bruscas em velocidades elevadas. Em Inglaterra, na Ilha de Wight, foram encontrados vários esqueletos fossilizados próximos uns dos outros e, devido a esse facto, pensa-se que este dinossauro deverá ter vivido em grupos de vários indivíduos. Foi um dos primeiros dinossauros descobertos, em meados do século XIX, em Inglaterra. Em Portugal foram encontrados fósseis deste dinossauro no Jurássico Superior, na zona da Lourinhã e, no Cretácico inferior, na zona do Cabo Espichel.
