“Há designers que desenham porque amam roupa. Há designers que fazem roupa porque adoram o métier, porque amam as pessoas. Há designers cujo trabalho é sobre o conceito, o glamour. Eu desenho com o objetivo de fazer as pessoas sentirem alguma coisa”, escreve Daniel Roseberry no texto que apresenta An Age of Discipline, título que a coleção da primavera/verão 2022 de Alta-Costura recebeu.

A Semana de Moda de Alta-Costura arrancou com o regresso da Schiaparelli aos desfiles presenciais, dois anos após ter apresentado as suas coleções em formato digital. E foi um momento triunfal, daqueles que têm grande chance de entrar na história. Daniel Roseberry não dá ponto sem nó e a cada coleção eleva o seu próprio pulso criativo, desta vez deixou as proporções desmedidas por silhuetas mais delineadas e justas ao corpo, com um paleta de cores que se restringiu ao preto, dourado e branco.

“Durante os 23 fittings para esta coleção, apercebi-me de que me parecia entusiasmaste neste momento era fazer algo diferente, algo mais contido. De repente, a cor pareceu-me errada. Assim como o volume. Todos os truques que os designers de Alta-Costura (incluindo eu) utilizam para comunicar a grandeza e o métier - grandes silhuetas, metros incontáveis de tecido, volumes exagerados - pareceu-me bastante oco”.

Numa jogada de mestre, e longe daquilo que pensámos que seria esta coleção, Roseberry deu-nos Alta-Costura mais mundana, mas ainda assim muito etérea. O espaço serviu de grande inspiração, ou não fosse o designer a refugiar-se em filmes de ficção científica assim que a variante Omicron começou a ameaçar a liberdade que fomos reconquistando. A award season pode até não estar a todo o vapor como em anos anteriores, mas há aqui muito material digno de uma red carpet hollywoodesca - Cardi B, Beyoncé, Adele e Lady Gaga devem estar já de olho